Criar uma loja online é mais do que ter um site e enviar encomendas. Numa altura em que o comércio eletrónico atrai cada vez mais consumidores, estar offline significa perder clientes e oportunidades de negócio. Mas é importante conhecer as regras para ter sucesso.
As vantagens de ter uma loja virtual são muitas. Flexibilidade de horários, redução de custos ou a possibilidade de trabalhar com clientes de todo o mundo, sem barreiras físicas, são apenas algumas. Além disso, quando se trata exclusivamente de um negócio online, é possível fazê-lo de forma totalmente remota, sem necessidade de ter um espaço físico para a sua operação.
Levar um negócio para a internet ou criar uma loja virtual e, ao mesmo tempo, um novo negócio, são duas formas diferentes de abordar o e-commerce, mas que têm, afinal, muitos pontos em comum. Valorizar a experiência do cliente, ter atenção a todas as fases do processo e garantir a segurança são alguns deles.
12 passos para criar loja online
Antes de começar a vender online, pense na sua experiência como cliente. O que valoriza e o que gosta menos ao fazer compras pela internet? Este é o ponto de partida para o trabalho a fazer e cujos pontos mais importantes abordamos.
1. Abrir e registar a empresa
Se vai começar “do zero”, isto é, se ainda não tem empresa e pretende abrir uma, pode fazê-lo de forma física ou online. Para registar uma empresa pela internet, deve aceder ao Portal da Empresa e clicar em "Criar empresa" online. Autentifique-se (através do cartão do cidadão ou do certificado digital) e insira as informações solicitadas (nome, email, telefone/telemóvel, número de identificação civil e endereço).
Um dos primeiros passos é optar pela forma jurídica que pretende, o que tem implicações, por exemplo, a nível fiscal ou no que diz respeito à separação entre o seu património e o da empresa. Existem diferentes tipos de empresas em Portugal, pelo que só tem de escolher o mais indicado para os seus objetivos.
Outro passo importante é a escolha do Código de Atividade Económica (CAE). O CAE principal mais utilizado para o comércio eletrónico é o CAE 47910. Este código de atividade engloba o comércio a retalho que oferece ao consumidor a possibilidade de encomendar pelo correio, telefone, televisão ou outro meio de comunicação, os bens ou serviços, divulgados através de catálogos, revistas, jornais, impressos, ou quaisquer outros meios gráficos ou audiovisuais. Inclui comércio a retalho e leilões, via Internet.
Consoante o tipo de bens ou serviços comercializados, deve também incluir o CAE ou CAEs secundários necessários.
A criação da empresa tem custos, que são mais baixos quando o processo é tratado online.
Se está a pensar vender apenas serviços, e não produtos (bens físicos), então não é obrigatório abrir empresa. Nesse caso basta abrir atividade nas finanças como trabalhador independente.
Neste artigo explicamos as principais diferenças entre ser trabalhador independente ou empresário em nome individual (ENI). Se tiver dúvidas sobre qual a opção mais adequada, solicite opinião a um contabilista certificado.
2. Investir numa plataforma de e-commerce
Para vender os seus produtos online, necessita de investir numa plataforma de e-commerce (site de vendas) confiável e segura. Neste tipo de plataformas, é possível adicionar os seus produtos ou serviços, configurar as formas de pagamento e entrega, gerir os stocks, fazer campanhas de marketing, criar promoções e monitorizar as suas vendas. Ou seja, têm praticamente tudo o que é necessário para fazer a gestão do negócio num só lugar.
Existem diversas opções, comoWooCommerce (Wordpress), Shopify, Magento (Adobe Commerce), Shopkit, CTT, Jumpseller, entre outros. Estas plataformas oferecem diferentes recursos, templates, designs e funcionalidades (algumas delas grátis) para criar uma loja virtual. O software de faturação Vendus permite a integração com algumas destas plataformas, possibilitando, por exemplo, a emissão automática de faturas e notas de crédito relativas às encomendas feitas na loja online.
Além destas opções, tem ainda o Vendus Go!, um software inteiramente gratuito, ideal para pequenos negócios criarem a sua loja online, de forma simples, rápida e intuitiva, com o apoio de profissionais especializados.
A plataforma escolhida para criar a sua loja virtual deve garantir uma boa experiência para o utilizador, através de uma interface intuitiva e de fácil de navegação, rapidez de carregamento, ferramentas de pesquisa eficientes, informações atualizadas e adaptabilidade a diferentes dispositivos móveis.
3. Apostar na imagem
A imagem da loja online é tão ou mais importante do que a montra de um estabelecimento físico. Como alternativa a “desenhar” uma loja a partir do zero, correndo o risco de criar algo bonito, mas pouco funcional, pode optar por escolher um modelo já existente (o chamado template), fazendo depois as necessárias adaptações ao seu negócio.
Ao escolher o template a utilizar é essencial optar por um que seja, simultaneamente, apelativo e simples para o consumidor. Ou seja, além de ter um aspeto agradável, deve ser fácil de navegar, para que o cliente possa escolher, comprar e pagar em poucos cliques.
A importância da imagem aplica-se também às fotografias utilizadas nas páginas de produtos comercializados. Estas devem ser de boa qualidade, valorizando os artigos e permitindo que sejam vistos de vários ângulos e de forma detalhada. Imagens escuras, desfocadas ou confusas são proibidas.
O recurso aos vídeos, quando possível, também deve ser explorado, sobretudo quando é necessário mostrar como funciona um artigo ou quais as aplicações e vantagens de um produto.
4. Criar descrições e conteúdo relevante
Para vender online não basta criar um site. É importante investir em conteúdo de qualidade e relevante para o seu público-alvo, algo que começa com as descrições dos artigos à venda.
Estes pequenos textos são de grande importância, não só para que o consumidor fique a conhecer todas as características do produto (como o tamanho, cores ou acessórios incluídos), mas também para que os possa encontrar através de motores de pesquisa como o Google. Para tal, é importante que a descrição tenha a chamada palavra-chave. Por exemplo, “raquetes de padel” ou “compota biológica”.
Outro ponto que valoriza a loja online são textos bem escritos e interessantes. Pode partilhar dicas e informações adicionais sobre os produtos, como sugestões de utilização ou cuidados especiais.
Isto é uma forma de garantir que oferece uma boa experiência aos seus clientes, ao mesmo tempo que promove a otimização da sua plataforma online ao nível de SEO (Search Engine Optimization), garantindo que tem maior probabilidade de aparecer nos primeiros resultados no Google.
5. Ter políticas claras
O preço dos artigos ou a falta de informação sobre os custos finais para o consumidor podem gerar conflitos e comprometer a fidelização de clientes.
Por isso, é essencial garantir que a sua política de preços não vai criar mal-entendidos ou situações em que o cliente acaba por pagar mais do que esperava. O preço do artigo já deve incluir o IVA à taxa legal. Eventuais promoções ou saldos devem ser assinalados com a indicação do preço mais baixo anteriormente praticado.
Os saldos estão limitados a 124 dias por ano, seguidos ou não, e têm como objetivo escoar artigos, vendendo-os a um preço inferior ao preço mais baixo praticado nos últimos 30 dias. Já as promoções destinam-se a potenciar a venda de determinados produtos ou o seu lançamento e podem ser feitas em qualquer momento, sem um limite de dias. A ASAE é a entidade que fiscaliza estas normas, explicadas neste resumo.
Ao criar a loja online também é importante definir, logo à partida, qual será a política de envios. Ou seja, se cobra ou não portes ou qual o montante mínimo para que o cliente não pague taxas de envio. Disponibilizar várias formas de entrega (ao domicílio, correios ou pick up points) com diferentes custos é igualmente importante.
Os prazos para entrega são outro ponto valorizados pelos consumidores digitais, que por vezes, preferem pagar mais para receber o produto mais rapidamente. De qualquer forma, é essencial que saibam, no momento da encomenda, qual a data (ainda que estimada) da entrega.
A política de devoluções também deve ser transparente. O consumidor tem de saber as condições, prazos e custos de devolver um artigo.
Toda esta informação tem de ser apresentada de forma clara e visível.
6. Oferecer vários métodos de pagamento
Um dos maiores obstáculos às compras online é a falta de métodos de pagamento diferenciados ou a falta de confiança para os utilizar. Esta é uma preocupação compreensível, uma vez que estas transações podem ser suscetíveis a fraudes ou roubos de identidade.
Para aumentar a confiança dos clientes, é essencial disponibilizar soluções de pagamento seguras, como o PayPal, que oferece proteção ao comprador. Outra opção é autorizar a utilização de um cartão de crédito com recursos de segurança, como o Verified by Visa ou o Mastercard SecureCode, que exigem um código de segurança adicional para autorizar pagamentos online.
Disponibilizar formas de pagamento que facilitem o processo de compra, como o MB Way ou o SPIN é outra maneira de proporcionar uma boa experiência ao cliente. Alguns consumidores preferem pagar as suas compras em prestações, por isso também será interessante avaliar a possibilidade de disponibilizar soluções como a Klarna, Floa ou Scalapay, que permitem o pagamento faseado.
Ao criar uma loja online vai chegar a vários tipos de potenciais clientes com diferentes preferências em termos de meios de pagamento. Por isso, deve ter alternativas que se adequem à maioria dos consumidores.
7. Escolher bem o sistema logístico
O comércio online implica uma maior necessidade de investimento em sistemas logísticos eficientes, de maneira a garantir que os produtos certos são entregues de forma rápida e segura aos clientes.
Para isso, é importante utilizar um bom sistema de armazenamento, gestão e controlo de stocks, assim como investir em tecnologias que permitam realizar o rastreamento de pedidos, gestão de transporte e otimização de rotas, de maneira a reduzir custos e melhorar a eficiência da logística das vendas online.
Além disso, é essencial que todos os sistemas estejam integrados com a faturação e contabilidade da empresa.
O Vendus é um software de faturação, certificado pela Autoridade Tributária, que o poderá ajudar a organizar a faturação da sua empresa de forma simples e prática, tendo em conta todas as entradas e saídas de stock, pedidos de clientes, pagamentos e outras ações, de forma inteiramente remota. Experimente gratuitamente o Vendus, durante 30 dias!
8. Garantir a segurança no tratamento dos dados pessoais
É importante que as empresas de comércio online, como as lojas online, adotem medidas de segurança fortes nos seus sites, como a SSL (Secure Sockets Layer), que protege informações confidenciais durante as operações de pagamento.
Adicionalmente, a verificação de endereços e a autenticação de identidade podem também ajudar a proteger os consumidores e empresas de potenciais fraudes.
É ainda obrigatório que este tipo de empresas forneça informações claras acerca das suas políticas de privacidade e segurança, incluindo a forma como protegem as informações dos clientes, cumprindo o Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD).
9. Criar uma equipa de apoio ao cliente
Para motivar a compra e garantir a confiança por parte dos clientes, é fulcral investir numa equipa de apoio ao cliente, que possa responder a dúvidas e resolver eventuais problemas.
Como as lojas online não têm horário de abertura ou de fecho, é essencial criar canais que permitam o contacto 24 horas por dia, 7 dias por semana. Assim, além do telefone, é necessário ter um e-mail e um sistema de chat (em que as respostas padrão são dadas por chatbots), capaz de receber as reclamações, dúvidas e sugestões e responder-lhes o mais rapidamente possível.
Dado que nem sempre as reclamações dos consumidores são resolvidas de forma satisfatória, as empresas têm de cumprir a lei relativamente à resolução de conflitos de consumo, disponibilizando o livro de reclamações eletrónico e informando sobre a entidade de Resolução Alternativa de Litígios (RAL) a que podem recorrer.
10. Investir em ações de marketing digital
É fundamental investir em ações de marketing digital para divulgar a sua loja online, aumentar a base de clientes e fazer crescer o seu negócio.
Escolha estar presente nas redes sociais onde está o seu público-alvo, crie perfis e adapte os conteúdos a cada uma delas. Programe publicações de forma regular para manter o relacionamento com os clientes. O recurso a influencers é outra forma de tornar os seus produtos ou marca mais apelativos para determinado público-alvo.
As redes sociais são também um dos um dos canais de venda direta a equacionar. Além da sua própria loja online, pode criar uma loja no Facebook e Instagram para vender e exibir os seus produtos.
Invista também em marketing de conteúdo, através de um blog agregado ao site principal, de um canal de Youtube ou de um podcast, onde partilhe conteúdo relevante e que possa ajudar os seus clientes e potenciais clientes.
Aproveite as vantagens da publicidade paga, como o Google Ads, Instagram e Facebook Ads (Meta Ads Manager) para alcançar mais pessoas e aumentar o tráfego de visitantes no seu site e ofereça descontos e promoções exclusivos online ou a quem recomendar a loja a amigos e familiares.
O e-mail marketing é outra ferramenta a considerar. Para que a sua estratégia de e-mail marketing seja bem-sucedida, deve construir uma base de contactos qualificada, definir objetivos claros, criar mensagens relevantes e personalizadas e analisar os resultados (taxas de abertura, cliques, conversão em vendas), de forma a poder ajustar e melhorar continuamente a sua estratégia.
Com uma estratégia de e-mail marketing bem estruturada e implementada, pode aumentar a sua visibilidade online, ampliar a sua base de contactos, melhorar o relacionamento com os seus clientes e aumentar as vendas, contribuindo para o crescimento da sua loja online.
11. Avaliar a concorrência
Uma das melhores estratégias para garantir que está a criar uma loja online de sucesso é avaliar o que faz a concorrência, para perceber os seus pontos fortes (que deve imitar e superar) e fracos (aqueles que tem de evitar fazer).
Esta atenção ao mercado deve ser uma constante no seu negócio, porque os seus concorrentes, tal como os próprios consumidores, estão em permanente mudança. O que ontem era uma tendência, hoje pode estar ultrapassado.
Analise e compare preços, formas de pagamento e envio, políticas de entregas, devoluções e reembolsos, campanhas de marketing e todas as informações que permitam perceber se está um passo atrás ou à frente dos concorrentes.
12. Analisar os dados
Se pretende ser bem-sucedido, antecipar eventuais necessidades e garantir o sucesso da sua loja online, é extremamente importante medir e analisar o tráfego do seu site e o comportamento dos seus clientes. Para tal, é importante garantir que utiliza as ferramentas adequadas, como por exemplo:
- Google Analytics: é uma ferramenta essencial para medir o tráfego do seu site, podendo acompanhar as visitas e comportamento dos utilizadores, analisar métricas importantes como tempo de permanência, taxa de rejeição, origem de tráfego, entre outras;
- Google Search Console: pode ser usado para monitorizar o desempenho do seu site nos resultados de pesquisa do Google, acompanhando o tráfego, posicionamento e palavras-chave utilizadas pelos utilizadores para chegar ao site.
A partir destas ferramentas, é possível obter informações importantes sobre os seus utilizadores e clientes, identificar comportamentos da jornada de compra dos mesmos e tomar decisões que permitam otimizar e melhorar o desempenho do seu site.